Projetos de Aeroportos Brasileiros Estagnados por Recessão Aguda
O progresso em um número de projetos de aeroportos brasileiros sofreu desaceleração.
O projeto de aeroporto da Aerovale em Caçapava foi estagnado primeiro por uma disputa ambiental (resolvida em dezembro de 2015) e depois por um decréscimo em investimentos.

Na região de São Paulo, inúmeros projetos de aeroportos que serviriam a Copa do Mundo de 2014 e que foram prometidos para os Jogos Olímpicos tiveram seu progresso desacelerado com as condições desfavoráveis do mercado, demonstrando que construir um aeroporto demora mais do que um ciclo de negócios. A mesma recessão tem dominado a expansão da aviação comercial, reduzindo a pressão no tráfego da aviação executiva em aeroportos compartilhados, porém altos custos têm afastado operadores e proprietários de aeronaves a aeroportos mais distantes e mais baratos.


O projeto mais visionário, o Aerovale em Caçapava, foi iniciado pelo empreiteiro de construção e pavimentação Roger Penido muito antes do boom da aviação executiva. Originalmente pensado como um condomínio industrial ao lado de uma das principais rodovias Rio-São Paulo e com sua própria aeródromo, o Aerovale recebeu uma das primeiras licenças federais como um aeroporto privado com permissão a cobrar por operações. No começo do ano passado, alegações de violação de proteção ambiental paralisaram o projeto, e somente em dezembro houve um acordo (chamado de “TAC”) que permitiu que o projeto fosse retomado. A paralisação de quase um ano forçou a companhia a buscar proteção de seus credores.


“Estamos trabalhando para atender aos termos do TAC. Estamos procurando um investidor para terminar a construção do aeroporto,” disse Noeli Penido à AIN. “Nós acreditamos firmemente no foco em logística. Quando o aeroporto estiver pronto, haverá demanda pelo Aerovale, apesar da desaceleração na aviação executiva.”


O Aeroporto Executivo Catarina, em São Roque, é a peça central de um projeto da incorporadora de imóveis de luxo JHSF. Enquanto terraplanagem está muito avançada, os outros projetos da JHSF foram abalados pela desaceleração econômica, e o grupo parece estar aberto à propostas para investir no aeroporto. De acordo com relatórios da imprensa, a JHSF está examinando a venda de 50% dos seus shopping centers ao Blackstone Group.


Enquanto ambos os projetos que visam remover morros para transformá-los em aeroportos ficaram estagnados, a DAESP tem continuamente melhorado o Aeroporto de Sorocaba, investindo fundos estaduais quando promessas federais não se concretizaram. No decorrer dos últimos cinco anos, “foram executadas as ampliações do sistema de pistas, pátios de aeronaves e infraestrutura para novos hangares,” informou o aeroporto. “A pista de pouso, que antes possuía 1.480 m, foi estendida em 150 metros, ampliando-a para 1.630 m. O pátio de aeronaves foi expandido de 6.000 m² para 14.800 m². Duas novas pistas de rolamento foram construídas e as quatro já existentes foram alargadas.” Enquanto a expansão da pista aguarda certificação da ANAC, a construção de uma torre de controle continua a progredir, com as obras civis a serem completadas este ano e equipamentos a serem instalados ano que vem.


A Embraer abriu seu primeiro FBO em Sorocaba, junto com um centro de serviços que este ano recebeu certificação da Agência Europeia para a Segurança da Aviação (AESA) e da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA). Esse é um dos 34 centros de manutenção em Sorocaba que incluem Pratt & Whitney Canadá, Gulfstream e Dassault.


A World-Way Aviation abriu seu primeiro FBO, associado à Air Elite, em Sorocaba este ano. A CB Air, uma startup muito capitalizada, depois de 20 anos como departamento de voos da gigante Casas Bahia, recebeu autorização para operar como táxi aéreo em janeiro de 2015, e suas instalações de 10 mil metros quadrados em Sorocaba incluem um FBO.


O Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, visitou Sorocaba – incluindo o hangar da Embraer no dia 29 de julho, e demonstrou interesse em internacionalizar o aeroporto, uma iniciativa que poderia facilitar a vinda de serviços de manutenção estrangeiros.


Sorocaba é um dos muitos aeroportos operados pela DAESP. O estado tem buscado licitar a privatização de um grupo de cinco aeroportos, incluindo dois importantes à aviação executiva: Campos dos Amarais em Campinas, e Jundiaí. “Todos estão equipados principalmente para o desenvolvimento da aviação geral, com foco na aviação executiva e no táxi aéreo,” de acordo com a Artesp. “O investimento mínimo durante a concessão de trinta anos será de R$90.1 milhões, dos quais R$32.4 milhões estarão concentrados nos primeiros quatro anos.” Em licitações anteriores, os aeroportos não encontraram nenhum comprador e, a partir do meio de agosto, um dos dois licitantes foi “desclassificado” enquanto outro foi “desqualificado” então pode haver ainda outra licitação.